terça-feira, 12 de maio de 2009

Oprimido de Corpo e Alma


oprimir[Do lat. opprimere.] Verbo transitivo direto. 1.Causar opressão a; carregar ou sobrecarregar com peso. 2.Apertar, comprimir: Desalentado, oprimia a cabeça entre as mãos. 3.Causar opressão, prostração a; afligir: A triste cena oprimia-o. 4.Exercer pressão sobre; tiranizar: O domínio inimigo oprimia a população;“E que é que fiz, Senhor? que torvo crime / Eu cometi jamais que assim me oprime / Teu gládio vingador?!” (Castro Alves, Obra Completa, p. 292). 5.Exercer violência contra; violentar, forçar, coagir. 6.Vexar, humilhar: Firmando-se no poder, oprimia fracos e desamparados. 7.Esmagar; aniquilar. 8.Impor ônus ou obrigação a; onerar. 9.Apoquentar, importunar. Verbo intransitivo. 10.Causar opressão: “O Visconde de ***.... apareceu-me, um momento, como o símbolo da generosidade que oprime, do favor que escraviza, da gratidão que vexa.” (Júlio Dantas, Espadas e Rosas, p. 127.) [Part.: oprimido, opresso.]

oprimido[Part. de oprimir.] Adjetivo. 1.Que sofre opressão; vexado, humilhado, opresso: povo oprimido. Substantivo masculino. 2.Indivíduo oprimido.

opressor(ô) [Do lat. oppressore.] Adjetivo. 1.Que oprime ou serve para oprimir; opressivo, oprimente. Substantivo masculino. 2.Aquele que oprime; tirano.

Estes significados foram tirados do dicionário Aurélio, mas creio que não era necessário pois todo homem oprime e é oprimido durante a sua vida. O título desse texto é uma frase usada por Plínio Marcos no texto "Inútil Canto e Inútil Pranto Pelos Anjos Caídos" onde ele narra a história de 25 homens esmagados, espremidos e empilhados num imundo cubículo onde mal caberiam 5 pessoas, junto com eles o ódio, a dor, a doença e a raiva do sistema, eles nada sabiam... Plínio termina esse texto com esse cubículo pegando fogo e o cheiro doce da carne humana e mais, esses 25 homens eram anjos caídos.
Eu já estive em um presidio, mas apenas pesquisando e pude ver nos olhos daqueles que lá estavam o ódio e a fúria que sentiam, é óbvio que ao saírem dali a grande maioria iria fazer e acontecer sem dó nem piedade. Este texto não é pra discutir o sistema carcerário e sim as nossas experiências com a policia brasileira, quem nunca foi oprimido por esses caras que se julgam autoridade?
Acho que em toda minha vida já fui abordado umas 20 vezes, tudo bem rotulam à tudo e a todos essa é uma mania burguesa que vem nos acompanhando ao longo da história. Contarei duas experiências, se não teria que criar um outro blog só para isto.
Já estive 3 vezes em Assunção PY, e quando retorno a Campo Grande MS, um problema se repete: o ónibus cometa del amambay sai um horário de Assunção em que a imigração na fronteira esta fechada, portanto um funcionário do ónibus entrega uma ficha para que seja cadastrada a sua saída do país, a primeira vez foi assim. Depois de algum tempo fui convidado a retornar à Assunção através do festival CEPATE, abro um parênteses para dizer que é um ótimo festival, voltando ao assunto ao chegar na fronteira de Ponta Porã BR com Pero Juan Cabalero se deu o tal problema: eu não sei se a empresa não entrega o tal formulário que cadastra a saída ou se a imigração não o faz, o fato é que você é obrigado a descer do ónibus, pode também entrar de maneira ilegal com a empresa lavando as mãos sobre o caso ou pagar uma taxa um pouco alta para quem trabalha com arte e esta indo trabalhar. Desci para tentar resolver, tentativa em vão, voltei ao ónibus e minhas coisas já estavam todas na rua, minhas coisas a dos meus dois colegas e todo o cenário do espetáculo. Convenhamos as 24 horas não é nada agradável estar na fronteira, então combinamos assim: meus dois colegas iriam juntos atrás de um hotel, iriam juntos pelo perigo da fronteira e eu ficaria com todas as nossas coisas na frente da delegacia de Ponta Porã, na frente da delegacia eu estaria protegido e seguro. O cheiro estava horrível acho que tinha estourado algum cano ou algum esgoto estava exposto, eis que surge um policial, vou tentar ser o mais fiel no dialogo de mão única, mas levem em consideração o tom que tais autoridades sempre colocam em sua voz:
Policial - O que você ta fazendo aí?
Eu - É que...
Policial - o que essa porra ta fazendo aqui na frente?
Eu (bem rápido, num fôlego só) - é o cenário de uma peça de teatro, eu tive que descer do ónibus porque a imigração paraguaia não deu baixa a última vez que saí do país e agora eu não posso entrar.
Policial - Eu não tenho nada a ver com isso, então você esta na mão desses filhos da puta e essa merda aqui na frente ta fedendo.
Eu - Não...
Policial - Você tem 5 minutos pra tirar essa merda daqui!
Eu - Mas aonde eu coloco?
Policial - Em qualquer lugar, mas tira logo daqui!
Então ele fechou a porta, pra piorar começou a chover, eram umas 5 caixas, 3 malas e mais uma cama de patente, mas a raiva nos deixa forte e antes de acabar o meu tempo eu já tinha retirado tudo, estava tudo do outro lado da rua, estava com raiva, triste, cansado...
A outra experiência que vou narrar foi a pouco mais de um mês, já havia mudado para São Paulo mais tinha trabalho em Campo Grande MS e lá fui eu realizar quatro apresentações como o dinheiro das apresentações não pagavam a minha volta resolvi voltar de moto, a minha suzuki 125 veio lotada de bagagem e eu cheio de alegria, não via a hora de chegar em São Paulo e encontrar minha linda que já estava há 20 dias sem mim. Estava chegando, faltavam só 200 Km, olho a minha esquerda e lá estão eles pedindo para eu encostar. Parei a moto, estava calmo, tranquilo e acostumado, fizeram aquele bando de perguntas, respondi a todas e então começaram a geral, aí que se deu a falta de respeito, falta de respeito geral, jogaram na rodovia todas as minhas coisas, ali estavam espalhadas as minhas cuecas, as calcinhas da minha mulher, objetos sem muito valor para eles mas de profundo sentimento para mim, dentre esses objetos todo o figurino do meu palhaço, não respeitam o ser humano e rotulam a tudo e a todos pelo seu ranço cultural.

Policial - Ah... você é palhaço? E faz mágica também? Cadê a droga?

Eu - Não tenho nada.

Policial - E isso aqui? Se raspar ainda da pra fumar.

Era um dichavador que minha mulher ganhou do melhor amigo e eu estava levando pra ela, expliquei isso e perguntei:

Eu - O que vai acontecer agora?

Policial - Vamos ter que te levar pra delegacia.

Olhei todas as minhas coisas no chão e vacilei:

Eu - Eu fico triste.

Policial - Triste em ir pra delegacia?

Eu - Não, triste em ver todas as minhas coisas, coisas que amo jogadas no asfalto.

Acho que perceberam que eu não tinha dinheiro, pois falei da minha situação, falei porque estava indo de moto, então me liberaram e eu quase que em camêra lenta fui recolhendo as minhas coisas e as lágrimas escorrendo dos meus olhos.



E você já teve alguma experiência, onde você foi oprimido de corpo e alma pelos "homens da lei"?

Um comentário:

  1. sólo entiendo un poco de portugues, pero lo que entiendo me gusta, es bueno tu blog!

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